segunda-feira, novembro 22, 2010

A ostentação da força contra a força da paz


Agora que os Senhores da Guerra se foram embora Lisboa pode regressar à sua normalidade. Lisboa foi uma cidade sitiada com ruas e bairros bloqueados. Gastaram-se muitos milhões para se poder tirar fotografias de líderes mundiais a assinar acordos há muito discutidos e decididos. (Ninguém pode acreditar que uma Cimeira EUA-Russia dure 20 minutos e daí tenham saído todas as resoluções anunciadas). Retirou-se a liberdade aos cidadãos que foram tratados como criminosos, fecharam-se fronteiras e impediu-se a entrada a gente por razões ridículas como o trazerem uma fotocópia de um manifestos contra a NATO, ou T-shirts ou até um manifesto em defesa da escola pública. Fechou-se o espaço aéreo, até partes do Rio Tejo. Ridículo e triste. Vendeu-se o medo na forma de black-bloques, mostrando imagens de violência e notícias alarmistas como a da presença, já no interior de Portugal, de milhares desses elementos.
De todas estas fantasias o que resultou? Nada para além de uma despesa "milhãonária".
Black-bloques não se viram, violência não houve, na manifestação trataram-se como animais jovens e idosos (ia lá uma fantástica senhora irlandesa de 83 anos com uma bandeira da paz), gente a quem apelidaram de anarquistas como se isso fosse crime ou pecado. Gente que desceu a Avenida, cercada por 3 polícias, fortemente armados, para cada manifestante (como afirmou o chefe da Unidade Especial). Ao som dos tambores dos Ritmos de Resistência, uns jovens simpáticos e bem dispostos, os poucos problemas que podiam ter acontecido deveram-se exactamente à megalómana ostentação de força e à forma como trataram como animais enjaulados gente que se manifestava civicamente e que em momento nenhum praticou ou mostrou querer praticar actos violentos. Foi para mim um prazer, uma satisfação e uma honra estar nesse grupo junto com essa gente.

5 comentários:

  1. Estava na véspera um polícia, dos de intervenção, a dizer, a propósito do uso da violência pelas forças policiais, que "a polícia não faz violência, isso fazem os manifestantes desordeiros; a polícia faz uso da «força de estado»".

    Segundo o dicionário da língua portuguesa:

    violência
    s. f.
    1. Estado daquilo que é violento.
    2. Acto violento.
    3. Acto violentar.
    4. Veemência.
    5. Irascibilidade.
    6. Abuso da força.
    7. Tirania; opressão.
    8. Jur. Constrangimento exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a fazer um acto qualquer; coacção.

    De acordo com o dicionário (particularmente o nº 8) e os relatos que todos ouvimos, a polícia exerceu violência sobre as pessoas que se manifestaram no Sábado.

    É interessante, assim, ver como se fazem as lavagens ao cérebro aos elementos das forças militares e militarizadas que defendem o regime.

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  2. Pois. Só não gostei de ver a frente da manifestação demarcar-se tão rapidamente da cauda da dita, arrumar o estojo e escapulir-se o mais depressa possível dali para fora, deixando os lá detrás entregues à bicharada...

    Não gostei mesmo nada.

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  3. Não sabia que estávamos 3 polícias por cada manifestante. Ainda assim, julgo que dado o valor de uns e de outros a polícia se encontrava em clara desvantagem. E ainda em maior desvantagem se encontravam os verdadeiros aprisionados, os da frente da manifestação, que da liberdade não sentiram nem o cheiro, e nós pudemos respira-la abundantemente quando os azuis se retiraram.

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  4. A Polícia só está "em força" onde
    não deve!
    As Forças Armadas, especialmente o
    Exército, actualmente, só está onde não devia!
    É minha opinião que o governo, os ministros e as chefias justificam,
    assim, o poder que pensam ter perante outros poderes superiores
    como os que decorreram nos últimos dias!
    Internamente, para o "populacho" a PSP é muitas vezes, demais,
    inoperante e as Forças Armadas
    não são precisas para nada!...

    Zé de Aveiro

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  5. já estava ficar preocupado: http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1717318 pois os blindados nunca mais chegavam! Vá lá vamos mas é pagar e não bufar

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