terça-feira, janeiro 17, 2006

CUIDADO, SENHOR MINISTRO, NÃO LHE VÁ A IKEA TIRAR DEPOIS A CADEIRA


Hoje de manhã, ao ouvir as notícias da TSF, eis o que podia ser finalmente uma boa notícia para a nossa economia: “Portugal ganha nova fábrica da Ikea na Península Ibérica”, conforme noticiou o Diário de Notícias. Investimento no nosso país, criação de novos postos de trabalho, a nossa vitória sobre países como a Espanha e a França que também entravam nesta corrida. Aparentemente só vantagens para a nossa economia, a abertura desta nova fábrica em Ponte de Lima. Apenas um pormenor não pôde escapar aos nossos ouvidos avisados: por que seria que o ministro fugiu sempre às questões que a jornalista da TSF lhe colocava sobre as condições que Portugal ofereceu à Ikea? Por que não explicitou claramente o contrato que Portugal vai firmar com a Ikea, os seus termos, a sua duração, fugindo nitidamente às questões que lhe foram postas e falando apenas vagamente num “contrato standard”, como se toda a gente soubesse claramente o que isso é? O ministro da Economia disse que “os incentivos dados (pelo nosso país) foram mais agressivos” que os dados pelos outros países. Que benefícios terão sido esses que a Espanha e a França não deram e que Portugal aceitou dar? Não seria normal que tivéssemos conhecimento desses benefícios? Não seria correcto da parte do governo explicar aos portugueses como funcionam estes investimentos? Com a celebração deste “contrato standard” que garantias têm os portugueses que a Ikea não vai ser apenas mais uma multinacional que abre agora uma fábrica que encerrará assim que encontrar um país que lhe ofereça "incentivos mais agressivos", levando consigo os lucros dos benefícios concedidos e gerando mais situações de desemprego como tantas outras têm feito. Não somos desconfiados, mas o modo como o ministro se furtou a prestar esclarecimentos acerca do teor e do prazo do contrato foi demasiado evidente para que pudessem passar despercebidos.

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