quarta-feira, janeiro 18, 2006

Carta aberta a Luis Delgado


Amigo Luís Delgado!

Há já muito tempo que tinha deixado de ouvir ou ler as tuas opiniões. Desculpa lá mas já não tinha paciência. Um acaso fez com que no mesmo dia desse de caras com o artigo teu (a que me referirei mais abaixo) e ouvir-te a fazer comentários na TV Cavaco (aquela mais alaranjada).
Começo pelo fim, ou seja pelo comentário. Para ti, já ganhou. Nem valia a pena ir a votos. Já ganhou. Ouvir-te dizer isso deu-me mais ânimo e esperança para domingo. É que tu és pior que o saudoso “Zandinga”. Cada tiro cada melro, cada cavadela sua minhoca. Se calhar é azar, mas que me lembre, não acertas uma. Depois falaste do procurador para divagares sob a provável responsabilidade de um qualquer funcionário, propondo mesmo que, se necessário, se cortasse a cabeça ao Souto Moura. Pode-se cortar a cabeça, mas nunca deverá o Presidente substitui-lo. Isso é função do novo, e já eleito Cavaco Silva. Pára tudo. Para ti, não se decide nem se faz nada nos próximos dois meses. Vamos esperar pelo homem.
Quanto ao artigo resolvi ir comentando enquanto leio.

A tese do papão
Luís Delgado
Nos últimos dias da campanha presidencial multiplicam-se, à esquerda, os argumentos de que Cavaco vai criar conflitos institucionais com o Governo, chegando-se ao limite de insinuar que o novo Presidente vai dissolver a AR no prazo de seis meses.

(Luís, seis meses é muito pouco tempo. Primeiro tem de deixar que se desenrolem as aventuras palacianas no PSD terminando num previsível congresso. Quase que podia aqui fazer já a reportagem de como ele vai decorrer e da eleição de António Borges e da sua matilha. Só então se poderão começar a contar os tais seis meses).

É a tese do «papão» de direita, que felizmente já não colhe frutos no nosso país. Por dois motivos: nenhum Presidente, num primeiro mandato, corre o risco de grandes conflitos institucionais, e Cavaco sabe isso como ninguém, até recordando-se do exemplo de Soares. Assim sendo, os primeiros cinco anos serão sempre de distensão e diálogo entre Belém e S. Bento.

(Quererás com isto dizer que nos primeiros cinco anos de mandato ele não vai fazer nada? Vai ser só falar. Vou fazer de conta que acredito.)

Só um suicida político é que agiria em sentido inverso, e Cavaco sabe mais do que todos eles juntos.

(Para ti o Santana Lopes era o melhor primeiro ministro que Portugal tinha tido. Cavaco tirou-lhe o tapete. Agora é Cavaco o iluminado que sabe mais que todos eles (quem???) juntos. É um génio, um homem de sabedoria infinita. Nem digo mais nada.)

Por outro lado, o «fantasma horrendo» de que o centro direita quer cumprir o seu sonho de ter um Presidente, um Governo e uma maioria da mesma cor (quem criou o mito foi um tal de Sá Carneiro, não sei se te lembras) é demasiado ridículo para amedrontar. Essa conjugação não tem existido à esquerda? Será que só a esquerda é que pode ter essa coincidência de poderes? Será que os «bons» são de esquerda e os «maus» de direita? Tenham juízo.

(Oh, Luís, Não é assim tão simples. Efectivamente, ser-se de esquerda é ter uma consciência social e uma preocupação relativamente aos outros. Claro que não basta ser-se de esquerda para se ser bom, mas já é um principio. Já para ser mau não é necessário muito mais do que se ser de direita. Podes mandar-me ter juízo, que até podes ter alguma razão. Mas não deverias ser tu o primeiro a tentar ter algum. É que as tuas opiniões e prognósticos, já são razão de chacota e riso, mesmo entre aqueles que lutam do teu lado da barricada. Só te posso dar um conselho; nunca te embebedes e tem muito cuidado com as constipações. É que para te confundirem com um só te falta o nariz vermelho.)

Atenciosamente “A Vaca muit’a louca”

1 comentário:

  1. Depois da vaga inicial, em que todos os blogs falavam contra o PGR, finalmente algumas vozes se alevantam!
    Será mesmo imcompetência de Souto Moura?
    não viram o Yes Minister?

    http://daprosa.blogspot.com/2006/01/resmas-e-resmas-para-souto-moura.html

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